Sobre a Cia

     
     A Companhia Fragmentos Teatrais nasce no dia 13 de agosto de 2004 na cidade de Sorocaba com a formação dos Atores-Criadores: Ana Antunes, Andressa Ferreira, Diogo Negrão, Joyce Caus, Lucas de Mattos, Moisés Ameno e Túlio Crepaldi, para pesquisar e produzir espetáculos com linguagem adulta, infantil e infanto-juvenil.


     Atualmente a Cia Fragmentos Teatrais é composta pelos integrantes: Adriane Lopes e Moisés Ameno.

      O coletivo de Teatro funciona como um ponto de encontro para reflexões sobre o fazer artístico e para a prática de projetos em diferentes linguagens artísticas: Teatro, Artes Plásticas, Dramaturgia, Contação de Histórias, Poesia, Permacultura e outros segmentos que possam enriquecer a pesquisa cultural do grupo.



UM pouco SOBRE OS ESPETÁCULOS (2004 a 2012)


     O primeiro espetáculo da cia foi a peça curta “Homem não chora”, texto de Moisés Ameno e direção de cena de Chico Neto (diretor do grupo Família Matula de Teatro). 

     O texto aborda a vida no cárcere sob a ótica de três personagens que se conhecem quinze minutos antes da tropa de choque invadir completamente o presídio, nesses poucos minutos que restam, os personagens contam o motivo real pelo qual foram privados de suas liberdades.

     A pré-estreia aconteceu no dia 03 de junho de 2005 na FUNAP (Fundação de apoio ao preso), seguida de debate entre agentes penitenciários e familiares de presos, ex-detentos e detentos, e entre os artistas pesquisadores que compartilharam o espaço de debate criado pela apresentação do espetáculo. 

     Estreou oficialmente ao público da cidade no dia 19 de junho 2005, na associação teatral de Sorocaba (ATS). Todas as apresentações foram seguidas de debates com a plateia propondo um espaço para a reflexão sobre o tema central da pesquisa: “o que torna o homem um criminoso? O ato em sí ou sua índole?”.

O espetáculo foi selecionado para participar da décima-primeira edição do festival Curta Teatro de Sorocaba (2005). O trabalho foi indicado em três categorias e premiado com “Melhor Sonoplastia”.

     Em 2005 a Cia. Fragmentos Teatrais pesquisa o texto infantil de Moisés Ameno “O rato que queria ser da Páscoa”. O ator assina sua primeira direção de cena. 

O espetáculo possibilitou a pesquisa na linguagem do clown incorporado à linguagem das ruas. Os atores construíram o universo do espetáculo com latões de lixo, cones de rua estragados, pano de saco, roupas de brechó customizadas e outros resíduos. Durante a pesquisa os atores se aproximaram do estilo musical do rock, da prática do skate e do grafite, linguagens exploradas durante a montagem do espetáculo. 

     A temporada na cidade de Sorocaba teve boa aceitação do público, o que possibilitou o convite da Cia. para representar a cidade em Tiête na segunda mostra de Teatro. Participa também do primeiro fórum de análise de espetáculos de Teatro promovido pela UNISO (Universidade de Sorocaba). 

O espetáculo recebeu indicações no prêmio ATS (Associação Teatral de Sorocaba) no ano de 2006 e foi premiado na categoria melhor atriz para Ana Antunes

     No mesmo ano a Cia. participa da terceira mostra de dramaturgia de Sorocaba com o exercício cênico “Vizinhos” de Moisés Ameno. O evento aconteceu no Teatro Pedro Salomão José, seguido de debate entre o público e os artistas, propondo reflexões sobre os rumos escolhidos para a produção da dramaturgia contemporânea. 

"Vizinhos" é um texto que trata dos dias de aprendizado de dois conhecidos que morrem juntos num trágico acidente, confinados num mesmo espaço, revisitam traumas e descobrem realidades de suas antigas vidas, transformando suas consciências no pós-morte.

     A Cia. então é convidada a ocupar o espaço cultural da *arteira (Artista plástica, pintora, poeta, atriz, contadora de histórias) Ana Duarte. 

     O espaço cultural Du-Arts promove a mais de 20 anos o estudo, a prática e o encontro, nas mais variadas formas de arte: Dança, Artes Marciais, Teatro, Música, Poesia, Artes Plásticas. Visto que a prática de separação de lixo já fazia parte do funcionamento interno da Cia. e possibilitava a criação e giro de capital da própria, a parceria com Ana Duarte gerou a pesquisa de refinamento das práticas de trabalho com material reciclável e a sustentabilidade. 

     Os resíduos passam a ser o material para construção da linguagem artística dos espetáculos. A revitalização do espaço cultural Du Arts e do Teatro que ele possui, foi feita pelos integrantes da Cia. Fragmentos juntamente à artista plástica e sua pesquisa na reutilização de resíduos como material de trabalho e possíveis utilizações. 

     O encontro entre a arteira e os atores gerou para a comunidade, com pouco acesso a cultura, residentes do bairro Maria Eugênia e arredores da Zona Norte, o contato com diversas manifestações artísticas (Artes Plásticas, Poesia, Teatro, Artes Marciais), além de gerar palestras e oficinas para crianças e adolescentes.
     Durante a temporada da Cia, outros grupos compartilharam suas experiências e influenciaram o trabalho dos artistas. O Grupo Badulaque de Teatro ocupou o espaço para ensaios e apresentações e em contrapartida ofereceu ensaios abertos, palestras, revitalização e uso consciente de material reciclável.

     Em 2007 a Cia Fragmentos Teatrais estreia o espetáculo infantil, “Simsala Grimm – Rumpelstiltskin”, adaptação da fábula dos irmãos Grimm feita por Moisés Ameno com direção de Chico Neto.
     O espetáculo gerou oficinas de construção de bonecos de manipulação a partir de material reciclável e aproximou crianças do bairro das práticas de construção e manipulação de bonecos.

     A estreia do espetáculo recebeu a visita das crianças que compunham o projeto de expansão de consciência sobre o meio ambiente, mantido pela divisão de Meio Ambiente da Prefeitura do Município de Sorocaba. 

     A produção do espetáculo “ Simsala Grimm...” foi uma parceria entre a Cia Fragmentos Teatrais, o Grupo Badulaque de Teatro e a Família Matula de Teatro. A linguagem de bonecos e a direção foram propostas pelo diretor da Família Matula de Teatro, Chico Neto, a linguagem de atores narradores e brincantes fez parte da pesquisa desenvolvida entre atores da Cia. Fragmentos Teatrais  e do Grupo Badulaque de Teatro. O espetáculo fez temporada no espaço cultural e no teatro da ATS.

     No mesmo ano, 2007, os artistas se aproximam do texto de Orlando Miranda com a adaptação do texto feita por Moisés Ameno,  e montam o espetáculo “O pirata que não deu certo” com direção de cena de Ana Antunes. O espetáculo aproximou novamente a artista plástica Ana Duarte que propôs a construção de uma instalação com materiais recicláveis, essa instalação serviu de dispositivo cenográfico desmontável: um cenário usual para a composição e criação do trabalho do ator.

     Esse projeto promoveu a continuidade do estudo de transformar literatura em dramaturgia e possibilitou a estreia da atriz Ana Antunes na direção de cena. O espetáculo foi apresentado para as crianças do CIS Maria Eugênia, antiga sede do grupo. A pesquisa recaiu sobre o teatro infantil de quintal, a instalação cenário, os bonecos de vara, os instrumentos de tambor e lata, materiais simbólicos que convidam a estimular a imaginação. O trabalho do ator era basicamente retornar ao estado brincante que conta uma história e completar o onírico através da poética da cena, onde uma pena é um pássaro, uma lata um navio. A estreia do espetáculo “O pirata que não deu certo” e sua temporada aconteceram no Teatro da ATS.


     No ano de 2007 também, a Cia Fragmentos Teatrais aprofunda sua pesquisa que havia sido iniciada no espetáculo “Homem não chora” em dramaturgia curta e encena o espetáculo “Flores Calibre 12” com estética intimista na Quarta mostra de dramaturgia da ATS. A dramaturgia foi produzida por Moisés Ameno em parceria com a atriz e dramaturga Carolini Rodrigues da "Cia de Estudos Teatrais Religare" da cidade de São Pedro da Aldeia/RJ. 

     O material foi coletado no jogo de improvisação entre os atores Túlio Crepaldi e Andressa Ferreira, através de motes e balisas de ação propostos pelo ator Moisés Ameno que assinou também a direção do espetáculo.

O espetáculo conta a história de uma menina de 12 anos que rapta um marginal acreditando ser ele o príncipe da sua vida, a história é cheia de reviravoltas e revelações e toca no delicado assunto da pedofilia, assim como na síndrome de Estocolmo. A linguagem é realista, mas o conteúdo por vezes se revela subjetivo, tornando a atmosfera extremamente lírica e teatral, com traços absurdos e nonsenses. 

A montagem recebeu sete indicações e o prêmio de melhor dramaturgia no “Prêmio ATS melhores do ano de 2007”, e em 2008 o espetáculo fez temporada no Teatro da ATS.

     Entre os anos de 2009 e 2010 a companhia se mudou para São Paulo e esteve em vias de transformação e adaptação.

     No ano de 2011 a Cia. Fragmentos se aproximou da prática da Permacultura entre os coletivos Fruto Cultura e Unidade Teatral Casa d'água, além de colaborar com a produção do movimento Grito Rock de Araçoiaba da Serra, com parceria do Circuito Fora do Eixo. A experiência promoveu a movimentação coletiva de várias bandas de Araçoiaba e Sorocaba, assim como vários coletivos artísticos e culturais: Coletivo Cê, Unidade Teatral Casa d'Água, Cia Fragmentos Teatrais entre outros. A troca de informações produzidas durante o evento fomentou questões de políticas públicas e como abordá-las em cidades que não possuem dispositivos úteis para captação de verba cultural, o que levantou questões: "como produzir cultura onde não existe formação de público e políticas de acesso a subsideos culturais".

     O treinamento de iniciação em práticas de reaproveitamento de madeiras e construções a partir de bambus, mais propriamente a Permacultura, estão em andamento junto às pesquisas de produção Teatral da Cia Fragmentos Teatrais.


     No ano de 2012 a Cia. deu início à produção da releitura dos contos de Nelson Rodrigues a partir da obra “A vida como ela é...”. 

Na estética dessa pesquisa desfilam personagens da década de cinquenta e sessenta. Os tipos sociais criados pelo sistema de vida de um Brasil com suas normas e regras produzem histórias fortemente carregadas de contradições humanas, o que sussitam um tom melodramático aos desfechos trágicos propostos pelo escritor.

     Os atores: Adriane Lopes, Moisés Ameno e Ricardo Henrique pesquisam a palavra no universo da obra  "A vida como ela é"  e abrem o porão fundo da memória com histórias recheadas de muito futebol, amor, vingança e morte, temáticas que encorpam a escrita do dramaturgo e cronista carioca.  

     Junto a esse projeto a atriz Adriane Lopes produz também “A Poesia da palavra”. 
     Essa pesquisa visa aproximar o ator narrador do corpo da palavra através da 'conversação' de poesias . (Elisa Lucinda, Clarice Linspector, Cecília Meirelles, Mario Quintana, Alberto Caeiro, Fernando Pessoa entre outros).

"O báu de madeira com palavras em papéis coloridos roda entre o público para sortear o tema que gostariam de ouvir. O projeto pretende aproximar o público da poesia e afastá-lo do conceito preconcebido de declamação que muitos acreditam ser o modo de fazer soar a palavra poética". 

    A pesquisa é alvo de interesse dos atores que estudaram o assunto com profissionais renomados na área de produção e expressão vocal: Mônica Montenegro, Andréia Drigo, Isabel Setti e Andréia Kaiser, profissionais que integram (ou integraram) o corpo de professores da EAD (Escola de Arte Dramática) USP. 

     No momento a Cia Fragmentos Teatrais da continuidade a sua produção Teatral criando sua sede em Sorocaba, o espaço físico a Confraria dos Alquimistas, uma casa Bio-cultural que agrega coletivos para diversas práticas e manifestações artisticas: Cia Fragmentos Teatrais, Familia Matula de Teatro e Trio os Kuarahy.